Mas ao menos, dessa forma, não destruía a poupança dos milhares de pobres ou remediados, tão útil e salutar, e evitava uma enorme corrida ao resgate. A impunidade é confrangedora (460 milhões de euros perdidos). A outra importante descoberta, foi os serviços públicos pagarem renda ao Estado pelas instalações que ocupem, para financiamento dos monumentos nacionais. Não joga muito bem com o sistema “ Simplex" implementado. Joga muito mais com o sistema “ Complex” ! Mas eles lá sabem. Responsabilização precisa-se. Urgente!!!
Tudo isto tem muito a ver com a crónica vocação dos governos socialistas de gastarem muito, mas sem necessidade de cortar ou aliviar a despesa. Aliado ao facto de se sentirem bem no poder ! Desta vez está complicado. Fizeram nascer o monstro e, agora, estão entalados. Nós, povo, estamos muito mais ! Porque quem está a alimentar o dito, somos nós. Com este espirito tudo têm feito para fazer crescer a receita. Desde penhoras a bens essenciais, à publicação na praça do nome dos devedores, expropriações etc. Esticam, esticam ! Mas não dá mais, e as eleições estão à porta. Na situação em que está o país e os portugueses, qualquer governo deve tomar as decisões correctas para sanar as dificuldades, sem pensar em ganhar novas eleições. Isso é um crime. Porém, na velha tradição, para ganhar é preciso fazer obra. Ainda que essa obra não traga riqueza e traga muita despesa.
Outra tradição da governação socialista é a precariedade dos estudos que fazem ou melhor, que não fazem ( ex ; caso da OTA ! ). Para os fazerem correctamente teriam de os ver na sua verdadeira perspectiva e disso eles não gostam. Tomada posse, é deitar tudo a baixo! Para de seguida fazer o mesmo ou pior! De qualquer modo fazer obra é ponto de honra, mesmo sem dinheiro. Mesmo gerindo as finanças de forma pouco transparente e equilibrada. Por toda a Europa os governos socialistas actuam deste modo e na falta de dinheiro inventaram a desorçamentação. Tal como o nome indica, a desorçamentação é precisamente a não inclusão de todas as despesas no Orçamento Público! É a ocultação de despesa e de dívida pública, por forma a se poder dizer que as contas nacionais estão bem quando, a final, estão mal. O que se tem passado em Portugal com a ocultação de despesa, além de um escândalo, é um crime político contra as gerações vindouras. Desde os tempos de Guterres que o governo está, sem o conhecimento dos portugueses, a criar engenharias financeiras para não pagar as obras que faz. São os casos do “leasing” dos equipamentos militares, e das portagens virtuais, entre muitas outras ! Sempre que o Estado se precisa de endividar, recorre à divida pública. Emite, por exemplo, Certificados de Aforro. As pessoas ensinadas na virtude da poupança, economizam dinheiro e compram-nos. Com esse dinheiro o governo financia as obras públicas que ultrapassam o dinheiro arrecadado com os impostos. Tais certificados de aforro são dívida pública e mais tarde serão amortizados, com os impostos que, novamente, os portugueses irão pagar.
A taxa de juro que o Estado paga da sua divida é muito mais baixa do que aquela que pagaria num “leasing” ou por um empréstimo bancário. É por esta razão que os Certificados de Aforro, desde há muitos anos, são um óptimo negócio para o Estado ! Porém, isto é prática de desorçamentação e está, em conformidade com o Pacto de Estabilidade que Portugal assinou com a EU, ferido de ilegalidade. Os governos deveriam, em todas as circunstâncias, gastar menos e não ultrapassar o dinheiro disponível. No caso das portagens virtuais, são as empresas construtoras que pagam essas auto-estradas e, assim, o Estado está a esconder nos seus orçamentos privados a sua divida ! São os construtores que de facto as pagam. No entanto o Estado vai pagá-las, nos próximos 20 ou 30 anos. Com taxas de juro elevadíssimas ! trata-se de um brutal endividamento oculto !
Por toda esta descrição, se pode imaginar o altíssimo serviço que os Certificados de Aforro têm prestado ao país, evitando o pagamento pelo Estado dos elevados juros do “leasing”, ou dos empréstimos bancários e, ainda, dos pagamentos diferidos feitos aos construtores! É esta perspectiva histórica, de alto mérito, que os Certificados de Aforro têm representado para as finanças públicas, para além do seu intrínseco valor na poupança, que o Secretário de Estado parece desconhecer. A decisão de mexer neles é grave, nas duas perspectivas. Quanto à taxa "Robin dos Bosques" não passa de uma triste ignorância. Sem aforros, os construtores e os bancos ficam-se a rir à nossa custa ! O dito "Robin", atacou os pobres para dar aos ricos !
António Reis Luz