Com ou sem resgate financeiro, precisávamos de acreditar que desta vez vamos conseguir, por estarmos convencidos, o País, do que temos para fazer, como o vamos fazer, quanto tempo vamos precisar e como serão distribuídos os custos e os benefícios entre os vários sectores da sociedade.
Reside aqui um dos nossos grandes problemas. É que há muito que não sabemos para onde vamos. Não há estratégia, há uma grande volatilidade das políticas, há falta de consistência intertemporal nas opções políticas, prevalece o horizonte conjuntural sobre o estrutural, actua-se reactivamente sem tratar de actuar em antecipação, há, em suma, falta de rumo e de liderança. Uma empresa com estas fragilidades não consegue sobreviver, vai à falência. O Estado é como uma grande "empresa".
Entre nós sempre existiu a ideia de que o Estado nunca vai à falência e por isso há sempre uma solução de último recurso, estamos sempre salvos. Nem o Estado nos pode mais salvar, nem podemos continuar a pensar que o Estado é a solução. As nossas crises mostram-nos de forma cristalina que temos que mudar a forma de pensar o País. Temos que nos "resgatar"...