O jornalismo português funciona por modas – e a moda do momento são os velhos que morrem sozinhos em casa.
Morrem sozinhos, não: ali ficam cadáveres durante semanas, meses, alguns durante anos, até que um vizinho ou um funcionário do fisco se lembre deles. O caso é relatado com a curiosidade mórbida dos que abrandam o carro para verem o acidente na estrada.
Mas, daqui a uns dias, a estrada estará limpa e haverá uma nova aberração para animar a malta. Os velhos, esses, continuarão a tombar sozinhos, como sempre tombaram, e ficarão por responder algumas questões funestas. A maior delas é saber por que raio exigimos à ciência sempre mais – mais tratamentos, mais descobertas, mais longevidade – quando a cultura reinante abomina a velhice e eleva a juventude a patamares obscenos. De que vale vivermos mais numa sociedade onde é um crime viver demais?
Sem responder a este paradoxo, não vale de muito verter baba e ranho pelos velhos que apodrecem no chão da cozinha e ali ficam por enterrar. Até porque eles, muito antes da morte, já estavam devidamente enterrados.
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