Durante muitos anos os portugueses tiveram salutares hábitos de poupança. A classe média portuguesa foi educada a gastar sempre menos do que aquilo que ganhava.
Tirando algumas excepções mais frequentes na capital do país, nunca foi regra na sociedade portuguesa pôr como primeira preocupação as aparências e pôr como acessório o essencial. "Tirar à boca" para pagar dívidas de consumo era quase visto como um pecado. Após o 25 de Abril, esta mentalidade atenuou-se um pouco, o que, apesar de não ser a melhor receita em termos de crescimento económico, a verdade é que, numa sociedade tão carecida, foi perfeitamente compreensível que tal tenha ocorrido.
Só que uma coisa é a mentalidade atenuar-se, outra completamente diferente é entrar-se numa histeria consumista de permanente fuga para a frente. Os primeiros sinais nesse sentido vieram logo após a nossa entrada na CEE, tempo em que consumir começou a ser para alguns um sintoma de sucesso. O sinal não era sociológicamente muito positivo, mas as taxas de poupança, o défice externo, o investimento e principalmente o clima de confiança situavam-se em bom nível e aguentavam equilibradamente esse crescimento do consumo. Precisamente o que deixou de acontecer com a chegada do PS ao Governo.
Um Governo despesista, com tiques de novo riquismo e com uma pedagogia consumista que tem vindo a desempenhar o papel da cigarra na sua fábula com a formiga. A maioria do povo deixou-se embalar por essa lógica de excessiva valorização do presente face ao futuro e, a passos largos, lá fomos destruindo os nossos salutares hábitos de poupança. Nesta sociedade PS, vale a pena "tirar à boca" para ostentar. O consumo vale mais do que a poupança, assim como o facilitismo vale mais do que a coragem ou a responsabilidade. É essa a triste lição que os socialistas nos dão: na forma desabrida como gerem as finanças públicas, empenhando irresponsavelmente o país e as suas gearações futuras.
Público - Caderno de Economia - 11 de Julho de 2000
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