26 de Novembro, 2010Por José António Saraiva
Maria João Avillez, em entrevista ao SOL, afirmou cruamente que os partidos são «o furúnculo desta sociedade».
Ainda que a palavra seja dura e a ideia possa provocar repulsa, é impossível não lhe reconhecer alguma verdade.
O tema foi durante muito tempo tabu pela simples razão de que, tendo o 25 de Abril legalizado os partidos depois de 48 anos de ditadura, pôr em causa os partidos era, de certo modo, pôr em causa a democracia - e desculpar Salazar e a ditadura.
Era como se, com 40 anos de atraso, viéssemos dizer: Salazar estava afinal cheio de razão quando aboliu os partidos.
Mas o certo é que, cada vez com menos vergonha, os cidadãos começam a questionar as virtudes dos partidos políticos e a atribuir-lhes boa parte da responsabilidade na situação a que Portugal chegou.
Os mais letrados ainda dizem que os partidos são maus, mas são um mal necessário; porém muitos outros não têm pejo em dizer que os partidos não fazem falta nenhuma e podiam perfeitamente acabar.
Esta apreciação negativa dos partidos políticos não é um exclusivo português nem diz respeito a este tempo histórico.
No final da Monarquia, sobretudo a partir das cisões verificadas nos dois grandes partidos da segunda metade do século XIX - o Partido Progressista e o Partido Regenerador -, as lutas fratricidas entre os partidos monárquicos apressaram o fim do regime.
Depois, durante a I República, foi o que se sabe: a acção do Partido Democrático de Afonso Costa, actuando de modo sempre sectário, arbitrário e mesmo ditatorial, foi um dos motivos do divórcio litigioso entre os cidadãos e a República.
O Partido Democrático era detestado por quase todos - e muitos dos que o defendiam faziam-no de forma arrogante, agressiva e às vezes arruaceira, atropelando os direitos dos adversários.
Assim, quando os militares apareceram e suspenderam os partidos políticos, e quando, mais tarde, Salazar confirmou essa proibição (consagrando-a na Constituição de 1933), pouca gente viu nisso um mal.
Pelo contrário.
Estes 48 anos, entretanto, fizeram esquecer muita coisa - e o regresso dos partidos foi saudado com expectativa.
Acreditava-se, ingenuamente, que eles nos trariam uma vida melhor e aproximariam a política dos cidadãos.
Mas o tempo passou e muita gente começa a descrer.
Dois ex-líderes partidários - que não nomeio para não terem dissabores - disseram-me que, nas reuniões com os militantes pelo país fora, a única coisa com que estes se preocupavam era com os lugares.
Não queriam saber de políticas, nem de estratégias, nem de interesse nacional, nem de nada: só queriam saber de lugares.
Já outros sentiram este problema no passado.
Vítor Constâncio e Cavaco Silva, por exemplo
om menos vergonha, os cidadãos começam a questionar as virtudes dos partidos políticos e a atribuir-lhes boa parte da responsabilidade na situação a que Portugal chegou.
Os mais letrados ainda dizem que os partidos são maus, mas são um mal necessário; porém muitos outros não têm pejo em dizer que os partidos não fazem falta nenhuma e podiam perfeitamente acabar.
Esta apreciação negativa dos partidos políticos não é um exclusivo português nem diz respeito a este tempo histórico.
No final da Monarquia, sobretudo a partir das cisões verificadas nos dois grandes partidos da segunda metade do século XIX - o Partido Progressista e o Partido Regenerador -, as lutas fratricidas entre os partidos monárquicos apressaram o fim do regime.
Depois, durante a I República, foi o que se sabe: a acção do Partido Democrático de Afonso Costa, actuando de modo sempre sectário, arbitrário e mesmo ditatorial, foi um dos motivos do divórcio litigioso entre os cidadãos e a República.
O Partido D
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