Com base no artigo original e, parcialmente, aborda-se o estado de funcionamento dos partidos políticos portugueses, nomeadamente dos dois partidos alternativos (PS/PSD) :
Tema
Em Portugal a lei determina que os partidos políticos concorram para a livre formação e o pluralismo de expressão da vontade popular e para a organização do poder político, com respeito pelos princípios da independência nacional, da unidade do Estado e da democracia política.
O mundo, e Portugal em particular, atravessa um momento de esvaziamento das velhas ideologias . Questões básicas da política, como saber as diferenças marcantes entre esquerda e direita, são controversas ou mesmo totalmente confusas e ultrapassadas. De forma atenta pode concluir-se que os partidos políticos se encontram, hoje, afastados da sociedade civil e cada vez mais fechados sobre si próprios. Isto porque o fazem do seu próprio interesse, na defesa de pequenos e grandes interesses. Os últimos, que se destinam aos altos quadros do partido e seus mentores, os outros, os pequenos interesses, que alimentam os donos das estruturas locais dos partidos, vulgo ( caciques ). Quanto menos concorrência interna melhor.
De resto, os recursos financeiros dos partidos ( quotas baixas e por pagar ), não permitem uma actividade formadora, de vez, na posse dos órgãos de comunicação social, principalmente das televisões. Não sendo sua pretensão fazer formação, acabam por a fazer, quase sempre eivada de vícios e desvios oriundos de outros interesses maiores.
Quanto ao pluralismo, ele acaba por existir, mais em função da existência de partidos e de líderes, do que pela actividade cimentada de qualquer acção partidária. É o jeito da comunicabilidade do líder, da sua fluência verbal e são as qualidades da sua simpatia que determinam a escolha ! Nada de linhas orientadoras, ideologias ou coisas similares. Nada . É como se os votantes já tivessem a certeza de irem ser mais uma vez enganados. Razão maior para o crescente afastamento dos votantes para com os partidos . A abstenção engrossa os actos eleitorais. Nada de um pequeno vislumbre no caminho de a mínima “ Democracia Participativa”. Adeus mundo cada vez a pior.
A organização política aparece assim, não por acção dos partidos, mas pela existência de partidos como órgãos a soldo de gente que faz deles coisa sua. De há muito que passaram a dividir o quase nada entre os mais influentes e entrosados com outros poderes. Todavia e perante um estado igual ao descrito, os partidos existem, estão aí, mas não funcionam nem deixam funcionar o país. A democracia política nada tem a ver com este estado de coisas, os melhores ficam afastados dos partidos, logo, afastados dos destinos da nação. Fazem carreira profissional, muito bem pagos, olhando de soslaio para o constante empobrecimento de Portugal. A corrupção vai alastrando... a incompetência também.
António Reis Luz