O Estado em que o País se encontra !
(Publicado em 2005)
Há quatro anos, António Guterres perdeu as autárquicas e disse que não tinha condições para continuar a governar, pois a situação era de "pântano político". Abandonou.
Hoje o nosso primeiro-ministro, Sócrates, anda a barafustar e gritar no parlamento e nas televisões, esquecendo -se que ele é um dos muitos culpados que meteram o país no pântano. Depois, com o barco a meter água, todos somos um pouco culpados. Curiosamente apareceu no Expresso de 6 de Maio 2005, um artigo de opinião de um novo Viriato, que lá das faldas da Serra da Estrela, ensinava ao actual governo como tão facilmente se podia debelar o crónico défice das finanças públicas. Ele, imagine-se, a primeira medida que tomava era retirar o 13.º e 14.º mês aos reformados.
O que mais espanta é que passada uma semana, apareça o Secretário de Estado do Orçamento em público a chamar a atenção para a possibilidade de os pensionistas deixarem de receber o subsídio de férias para ajudar a equilibrar o Orçamento do Estado, que eles desequilibraram!
Nem o celebre pastor do grande clássico da publicidade portuguesa, com o “Tou Chim”, conseguiria uma mensagem com melhor recepção ! No mesmo dia o DN trazia o desmentido dessa possibilidade, mas não do que disse o secretário de Estado. Estes cargos de Secretários de Estado são normalmente ocupados por gente jovem que já saiu das faculdades nos tempos em que mal dominam a tabuada ou a história de Portugal, tão pouco o teorema de Pitágoras. Para eles tudo é “Bué de Fish”. Gastaram o seu tempo assimilando as concepções filosóficas de Platão, nomeadamente à procura do “ homem novo”. Os velhos são trapos. Começa exactamente aqui a falta de respeito por quem passou uma vida dura de trabalho granjeando a sua reforma e a de muitos políticos, que nada deram ao país. Para eles, os velhos já estão a mais, mesmo que sejam os seus pais, e por isso muitos no natal vão deixá-los à porta do hospital !
Os tais "homens de esquerda" que conseguiram convencer o povo mais simples de que ninguém como eles tem tanta sensibilidade social, quando no poder, foram dando tudo o que não era deles. Menos aos idosos ! A eles tiram, são para morrer !
Agora, que já não há mais nada para dar, até os direitos de gente em fim de vida, honesta e de trabalhadora, querem roubar!
Convido o Sr. Secretário de Estado a publicar, de modo a que todos os portugueses possam saber, quantos milhares de trabalhadores foram compulsivamente colocados na reforma com menos de 65 anos, alguns até com menos de 50 !
O Sr. Secretário de Estado sabe para quê ? Para diminuir o desemprego que os políticos foram fomentado destruindo a nossa economia. Para baixar os custos das empresas privatizadas. Para conseguir competitividade na economia. Para colocar licenciados saídos das Universidades onde muitos enchem os bolsos e outros têm o enésimo emprego. Para que os filhos daqueles que servem os “grupos” que arrasam o país, fiquem com os seus empregos.
A geração que o Sr. Secretário está a atacar, nascida nos anos 30/40 e 50 do último século é uma geração que deu tudo a este país, que enfrentou um nunca antes havido desenvolvimento tecnológico, sem preparação para tal. Mas conseguiu vencer e Portugal também!
Enfrentaram a imigração, as guerras, a censura, os baixos salários e mesmo assim, queriam continuar a trabalhar. Não queriam ficar de "barriga ao sol" perdendo os últimos sonhos profissionais. Foram, obrigatoriamente, atirados para reformas antecipadas
Esta “geração de ouro” sabe que parar é morrer e preferia não ter sido aviltada nos seus direitos e continuar a trabalhar até à idade legal de reforma. Ou mesmo até poderem .
Seria bom o Sr. Secretário de Estado não esquecer que numa sociedade evoluída que pretendemos ser , os políticos serão certamente avaliados pela forma como tratarem os mais vulneráveis, os idosos, os excluídos e as crianças. Ao longo do último século, a esperança média de vida aumentou em mais de 30 anos! Neste período de longevidade aparecem várias doenças crónicas, a perda de autonomia, a dependência total, o sofrimento físico e psicológico ! Este sofrimento decorre de perdas contínuas e de grande dimensão moral e funcional. O idoso torna-se num ser sem auto-estima pela perda da sua imagem, do seu bem-estar social e económico e pela perda da sua capacidade reivindicativa.
Aqueles que esquecem que envelhecer é um processo que se inicia quando nascemos, não poderão esquecer que recai sobre os que trabalham a responsabilidade de resolver o problema do défice das finanças públicas e não às crianças, idosos ou vindouros. Por exemplo, os membros do governo podiam prescindir dos seus 13.º e 14.º meses para este efeito, e dariam com isso uma bonita imagem de solidariedade social. Infelizmente aquilo a que assistimos é ver esses responsáveis, de alma e cara lavada, a serem entronizados em altos cargos a nível nacional e internacional. Com mordomias aviltantes! Quanto ao mérito político-profissional é melhor esquecer!
Quando é noticiado que entre 100 a 150 mil portugueses estão, neste momento, a emigrar para o estrangeiro em busca de trabalho, juntando-se ao menino que simbolizou o 25 de Abril , metendo um cravo na espingarda, valha-nos ao menos, que se tivermos que fugir todos, também os idosos, teremos alguém conhecido lá fora como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Aí será o pântano para todos, até para os incompetentes!
António Reis Luz
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