O MINISTRO E A DESILUSÃO DOS ALMOÇOS GRÁTIS
O ministro Teixeira dos Santos fez do ano,de quase todas as eleições,o seu «annus horribilis,ao insistir em cenários e números cuja inverdade conhecia e ao proclamar o fim da crise
O ministro das Finanças "enganou-se". Mas, longe de ser erro ou incompetência, o seu "engano" foi condição necessária da ilusão criada pela máquina socialista.
Em Dezembro de 2008, o ministro afasta o cenário de orçamento rectificativo. Em Abril de 2009, reitera essa convicção. No dia 4 de Maio, esclarece que tal orçamento rectificativo não seria "oportuno".A 15 de Maio, assegura que seria também desnecessário. Em Junho, o seu SE dos Assuntos Fiscais garante que o Governo iria "cumprir as metas estipuladas em matéria de cobrança de impostos". No dia 1 de Julho, o ministro insiste na rejeição do orçamento rectificativo e lembra que o " OE 2009 foi feito com grande sentido de responsabilidade".
A 21 de Julho, afasta de novo a perspectiva de orçamento rectificativo e diz ter indicadores que "consolidam a percepção que o Governo inicialmente tinha e dão sinais claros de controlo da despesa". No dia 20 de Agosto, através do SE do Orçamento, recusa o orçamento rectificativo, adiantando que "os resultados da execução orçamental dos primeiros sete meses do ano" estavam "dentro do grau de segurança". Em 10 de Novembro, o ministro considera ser "ainda cedo"para aferir a necessidade de orçamento rectificativo: admite ter de esperar pelos números da execução de Outubro, mas afiança ter sinais de que a despesa está sob controlo". No dia 19 de novembro, O Governo aprova a proposta de orçamento rectificativo. Em Dezembro, na Comissão de Orçamento e Finanças, o ministro confessa:EM MAIO/JUNHO JÁ SABIA DO MAU ESTADO DAS CONTAS PÚBLICAS .... No âmago desta história, a grande mistificação do défice. Assume-se agora que dispara para 13,8 mil milhões de euros, ou seja, 8,4% do PIB ! Mas, em Setembro, o ministro das Finanças ainda garantia à Comissão Europeia que não ultrapassaria os 5,9%. E antes estimara 3,9%.
Teixeira dos Santos fez do ano de quase todas as eleições o seu «annus horribilis». Insistiu em cenários e números cuja inverdade conhecia. Proclamou, à medida da conveniência política, o fim da crise. Permitiu ao chefe do Governo a patética vanglória de alardear que "está para nascer o primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu" !
No fim, deixa-nos um futuro sem respostas. Como vai o Governo reagir à recomendação de Bruxelas e iniciar a redução do défice excessivo já em 2010? Vai insistir, perante uma economia exangue, no implausível aumento da receita? Vai aprofundar o caminho da desorçamentação da dívida? Vai prosseguir com a adjudicação de contratos que geram encargos plurianuais astronómicos? Vai dizer aos portugueses que hoje têm cerca de 40 anos, que as suas velhices serão amparadas por reformas que decerto ficarão aquém de metade dos seus salários?!
Sofia Galvão - Expresso
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