As últimas semanas têm sido reveladoras da insanidade colectiva em que Portugal embarcou. São infelizmente, o culminar de anos de erros, de omissões e de embuste colectivo.
Não só criámos um estado tentacular e muito mais caro do que aquilo que poderemos pagar, como vivemos há muito tempo bem acima das nossas posses.
A próxima década será um longo período de sacrifícios e de mudanças muito profundas. As gerações que dominaram a cena política, económica e empresarial nos últimos 30 anos geraram a oligarquia que trouxe Portugal a este ponto, e terão de ser chamadas a partilhar com as mais novas os desafios e as restrições impostos pelo novo caminho.
Para já, só os mais pobres das gerações nascidas entre 1920 e 1960 estão a sentir o aperto. A grande maioria de quem mais beneficiou deste erro colectivo de proporções históricas vai passar quase incólume no primeiro embate.
Não é justo que seja predominantemente sobre quem hoje trabalha e está condenado a reformas miseráveis (os nascidos nas décadas de 60 e 70, pelo menos) que partilhe, mais uma vez, o essencial do custo de ajustamento. Os políticos jogam com o facto de que, destes, só uma escassa minoria perceba o que lhes vai acontecer. Parte da classe política dessa geração sacrificada até já se acautelou pessoalmente à custa do dinheiro de todos. Mas não é justo e eu não me resigno.
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