"Aos 48 anos este país tratou-me como se eu fosse um iogurte que ultrapassou o prazo de validade", disse o homem, de repente, pouco depois de me sentar no carro. Explicou: "Fui escanção no restaurante Mónaco, na Marginal, mas aquilo fechou e fiquei no desemprego."
Apesar da paixão pelos vinhos – durante a curta viagem recomendou um Quinta do Côtto 2005, "muito em conta nos supermercados" – não acreditava ser possível "voltar à hotelaria".
A razão é simples: "No estado em que Portugal está, mesmo os que consomem boas garrafas, mais caras, têm vergonha de beber em público, nos restaurantes." Bebem em casa, às escondidas, para não despertar invejas alheias.
Guiar um táxi foi a solução que encontrou: "Não me caem os parentes na lama por isso."
Contou-me depois que estivera a ouvir na rádio, durante alguns minutos, o debate parlamentar de quinta-feira na Assembleia da República. Não aguentou muito tempo. Deu-lhe o stress. "Este primeiro-ministro tem maus vinhos e isto não vai longe."
O meu taxista escanção talvez concorde com as palavras de Mário Soares: "Os políticos são como os vinhos. Não sabemos porquê. Há boas épocas em que o vinho é esplêndido e outras épocas em que o vinho não presta. Nesta altura nós temos políticos que não prestam."
Soares falava a propósito do actual momento europeu, quinta-feira, em Coimbra, na sessão de encerramento do colóquio ‘Da Virtude e fortuna da República ao republicanismo pós-nacional’. A fortuna desta República é escassa e a sua virtude não se recomenda.
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