por PAULO PEREIRA DE ALMEIDA06 Agosto 2010
Para a chamada - de forma cada vez menos precisa - "época dos fogos florestais" foram este ano mobilizados dez mil homens, 2100 viaturas e 56 meios aéreos, sendo que - como se lia em artigo do DN de 1 de Julho - o "tempo" tinha sido o "bombeiro de serviço", tendo então permitido uma redução de 70% da área ardida em relação a 2009. Contudo - e a partir do momento em que o tempo voltou a aquecer e se fizeram sentir temperaturas mais elevadas - regressou esta tragédia colectiva de morte lenta do País. Assim, já no final de Julho - e também de acordo com os dados apurados pelo DN - registaram-se 5524 fogos, mais do dobro dos 2173 de Julho de 2009 e apesar de um investimento cada vez mais significativo nesta fase de mobilização de meios: o dispositivo de 2010 tem um custo orçamental estimado de 103 milhões de euros, mais 66,4 milhões relativamente aos 36,6 milhões de euros gastos em 2005 que foi, recorde-se, um dos piores anos de sempre no historial de combate aos incêndios em Portugal.
Ora, tendo triplicado o custo deste dispositivo que mobiliza - até dia 30 de Setembro - um número tão grande de pessoas, de veículos e de aeronaves, as duas questões que se colocam são, em meu entender, óbvias: Será que estes investimentos estão a ser correctamente direccionados? Como se justifica que, com o triplo do investimento desde 2005, duplique o número de incêndios de 2009 para 2010?
Ensaiemos - de forma séria - algumas respostas. A primeira destas respostas é necessariamente política e tem a ver com as opções de disciplina de meios e de auditoria da sua eficácia. Continua a ser difícil compreender como ainda não se avançou para uma profissionalização da generalidade dos bombeiros, seguindo o exemplo das melhores práticas internacionais e permitindo a estes homens e mulheres uma formação adequada e - sim, como é óbvio - uma remuneração pelo trabalho que desenvolvem a favor das comunidades. Na verdade, os bombeiros profissionais (remunerados) e os voluntários (não remunerados) são um dos principais exemplos daquilo a que chamo "funções comunitárias de segurança". Como tal, devem ser ajudados na gestão eficaz e disciplinada de meios e, simultaneamente, apoiados na sua nobre missão. A segunda resposta é de carácter cívico e de cooperação no terreno. É muito difícil de aceitar que - apesar das campanhas "envergonhadas" porque muitas não explicam os procedimentos correctos para evitar os incêndios - continuem a existir pessoas que têm atitudes de grande irresponsabilidade e de incúria perante o bem comum, fazendo queimadas, lançando objectos que podem provocar a ignição de incêndios, ou ignorando os avisos para as limpezas florestais em devido tempo. Por último, a terceira resposta é educacional. Uma vez mais - e infelizmente também nesta matéria - não se assistiu da parte do Governo a uma vontade de criação de uma "cultura de segurança" nas escolas, para cuja promoção se requereria uma cooperação necessariamente mais abrangente daquela que permitem as competências técnicas e orgânicas do Ministério da Administração Inter-na, criando-se, por exemplo, um "serviço cívico nacional". É que, como é do senso comum, a educação começa nas escolas e estas - apesar do presente clima de facilitismo - continuam na tutela do Ministério da Educação.
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