Em teoria, não me oponho às últimas loucuras do BE e do PS, a serem apresentadas na próxima semana. Permitir que um homem passe a mulher (nos documentos) conservando, porém, o respectivo pénis? É compreensível: todos nós guardamos certos ‘souvenirs’ de hotéis, mesmo que não tencionemos lá voltar. Por pura nostalgia.
O problema é que os projectos de ambos, ao acentuarem a divisão fatal entre ‘sexo’ e ‘género’, abrem a porta para qualquer delírio da ‘subjectividade’. Hoje, são homens que se sentem mulheres e mulheres que se sentem homens.
Mas nada garante que, nesta recusa da ‘natureza’ e na afirmação de uma ‘identidade’ alternativa, não apareçam por aí variações bizarras: homens que se imaginam cães; mulheres que se imaginam periquitos; e até, por incrível que pareça, homens que se imaginam mulheres que se imaginam homens.
Todos os seres humanos têm direito a viver as suas fantasias? Sem dúvida. Mas nenhum tem o direito de exigir dos outros o respeito ou o reconhecimento dessas fantasias. Que o meu vizinho goste de ladrar não é motivo suficiente para eu lhe oferecer um osso.
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