Senhor primeiro-ministro,
Depois de ler as suas respostas à comissão de inquérito sobre o caso PT/TVI e o ouvir na entrevista que deu esta semana à RTP, aprofundei uma convicção que já tinha manifestado nestas colunas: o senhor deixou de ser o chefe de Governo de que Portugal precisa para enfrentar a maior crise destas três décadas e meia de democracia. E pergunto-_-me mesmo se alguma vez o foi – ou o poderia ter sido –, considerando as características da sua personalidade e do seu estilo de governação.
O senhor é, indiscutivelmente, um homem de múltiplas qualidades. É determinado, combativo, tem uma forte capacidade de comando, o talento da retórica e até o carisma que são necessários a um chefe de Governo. Mas a todas essas qualidades falta o substrato essencial que lhes dá alma ou, como diria Musil, invertendo os termos do seu famoso romance, são qualidades sem homem.
Por outras palavras, o senhor sofre de um défice crónico que nenhuma metamorfose artificial pode disfarçar: o défice do factor humano.
Quanto muito, o senhor seria um primeiro-ministro para tempos fáceis (ainda que o fossem apenas ilusoriamente), como aconteceu quando o país vivia à sombra das primeiras benesses trazidas pela integração na Europa – e que não soubemos capitalizar para o futuro. Foi esse o caso de Cavaco ou de Guterres que, apesar disso, recorde-se, terminaram os seus mandatos governativos em estado de desencanto.
Mas estes tempos em que vivemos são muito difíceis, os mais difíceis que a actual geração de portugueses já conheceu. E é perante essas dificuldades que o seu comportamento, as suas obsessões, o seu estilo, se mostram completamente desajustados.
Vicente jorge Silva - SOL
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