Acordo [Governo e PSD] confirma que chegámos ao fundo de um poço que ameaça tornar-se cada vez mais fundo
Há duas semanas, o País foi brindado com um patriótico pacote de medidas negociado entre o Governo e o PSD que, abdicando de todas as suas promessas, decidiram avançar com um brutal aumento de impostos, para nos salvar de nós próprios e da iminência da bancarrota. A carga fiscal, graças à especial contribuição do PSD, era, segundo se dizia, compensada com um corte na despesa de igual dimensão.
Durante dois dias, e enquanto o dr. Passos Coelho se entretinha com um patético pedido de desculpas aos portugueses, o sentido de responsabilidade passou a ser um exclusivo do principal partido da oposição que, correspondendo ao pedido de várias famílias, juntou o seu destino ao de um primeiro-ministro que, segundo o próprio PSD, deixara há muito de ter os "pés assentes na terra". Este simples facto que, só por si, podia inviabilizar qualquer tipo de acordo, devia, pelo menos, ter exigido ao PSD um esforço de rigor acrescido nas negociações.
Em vez disso, no entanto, o País foi confrontado com duas folhas soltas onde se enunciavam meia dúzia de medidas avulsas e genéricas para fazer descer a despesa por contraponto à forma, precisa e concreta, como se anunciava a subida da receita. Por outras palavras, o PSD caucionou um aumento generalizado de impostos sem ter obtido, por parte do Governo, qualquer garantia na diminuição da despesa. Agora, cometido o erro, vem-nos dizer que confiou na "boa fé" do primeiro-ministro (o tal que não tem os pés assentes na terra) e que não está disposto a dar cobertura ao que decorre do que ele próprio negociou, ameaçando com moções de censura que não tem condições para concretizar.
A verdade é que, neste momento, os portugueses sabem, de ciência certa, que vão pagar mais impostos. O que não sabem, e ainda ninguém lhes conseguiu explicar, é para que serve este esforço suplementar que lhes foi agora exigido. Para alimentar uma despesa do Estado que não pára de subir apesar de todas as promessas em contrário? Para o Governo assinar um contrato de mil e tal milhões de euros para ligar o Poceirão a Caia e garantir 165 km de TGV? Não há, no famigerado acordo entre o Governo e o PSD, qualquer sinal coerente no que toca à diminuição da despesa ou – igualmente grave – qualquer pista que aponte para um futuro diferente, principalmente no que toca ao estado da economia. O acordo, assente nuns meros cálculos contabilísticos, não apontando um único caminho, limita-se a confirmar que chegámos ao fundo de um poço cujo fundo ameaça tornar-se cada mais fundo.
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