Quem haveria de dizer que uma lavadeira de Linda-a- Pastora entraria na história da literatura portuguesa ! Pois, tal aconteceu. Foi a Senhora Francisca, lavadeira bem conhecida do lugar, que " deu a última e, ao que parece, mais correcta versão que do presente romance se tinha obtido.
Deixo, pois, notações somente das principais versões da lenda, ou seja, acrescentarei mais esta outra, que a lavadeira de Linda - a - Pastora, de nome Sr.ª Francisca, terá contado a Almeida Garrett, durante o verão que aqui passou e que foi por ele publicada no "Romanceiro" :
- Linda pastorinha, que fazeis aqui ?
Procuro o meu gado que por aí perdi.
- Tão gentil senhora a guardar o gado !
Senhor, já nascemos com este fado.
- Por estas montanhas em tão grande p'rigo !
Diga-me, ó menina, se quer vir comigo.
Um senhor tão guapo dar tão mau conselho,
Querer que se perca o gado alheio !
- Não tenha esse medo que o gado se perca
Por aqui passarmos uma hora de sesta.
Tal razão como essa não na ouvirei:
Já dirão meus amos que demais tardei.
- Diga-lhe, menina, que se demorou
Co esta nuvem de água que tudo molhou.
Falarei a verdade, que mentir não sei:
A volta do gado eu me descuidei.
- Pastorinha, escute, que oiço balar gado...
Serão as ovelhas que me têm faltado.
- Eu lhas vou buscar já muito depressa,
Mas que me espedace por essa charneca.
Ai como vai grave de meias de seda !
Olhe não as rompa por essa resteva.
- Meias e sapatos tudo romperei
Só por lhe dar gosto, minha alma, meu bem.
Ei - lo aqui vem; é todo o meu gado
- Meu destino foi ser vosso criado.
Senhor vá-se embora não me dê mais pena,
Que há - de vir meu amo trazer-me a merenda.
- Se vier seu amo, venha muito embora;
Diremos, menina, que cheguei agora.
Senhor, vá-se, vá-se, não me dê tormento:
Já não quero vê-lo nem por pensamento.
- Pois adeus, ingrata Linda - a - Pastora !
Fica-te, eu me vou pela serra fora.
Venha cá, Senhor, torne atrás correndo....
Que o amor é cego, já me está rendendo.
Sentaram-se à sombra.... tudo estava ardendo...
Quando elas não querem, então estão querendo.
"Lugar da freguesia de Carnaxide, com ermida"
mas ainda não foram convenientemente explicados os topónimos Linda-a-Pastora e Linda - a - Velha.
As hipóteses são várias, de várias origens, mas a mais citada é a de Leite Vasconcelos que considerava Linda substantivo verbal de Lindar (em latim- limitar). Mas o facto é que a forma anterior da primeira parte dos dois topónimos era Ninha. Assim, em diplomas de 1319 há referências ao "ryo de Ninha" e à "Água de Ninha"; Nastro de 1374 lê-se: "...em lugar que chamam Ninha a Velha termo da dita cidade (de Lisboa)...) Daqui se depreende que importa explicar primeiro Ninha e depois como esta forma foi substituída por Linda. Neste último caso teria havido um prurido anti-espanhol que impôs a substituição do suposto representante do castelhano "niña" por um quase homófono vernáculo, Linda.
E a que se deve esse Ninha? Talvez o devamos ligar a "Nire", a "Penina" e a outros topónimos de origem Céltica, não esquecendo fora de Portugal, "Apeninos" (Itália) e "Pennire" (Inglaterra), todos aplicados a lugares altos ou na sua vizinhança; em Galês "neu" é: céu, tecto, telhado.
Outra versão da origem dos topónimos são as lendas que foram geradas em volta da beleza da velha e de Aninha - a – Pastora
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