“ SEDES DE RENOVAÇÃO “
“Naquele quarto andar da Duque de Palmela repetem-se as cabeças grisalhas , parcas em cabelos e certezas de um Portugal melhor . Mesmo assim , ali estão , como noutros tempos , dispostos a estudarem o pântano e sobre ele descobrirem uma réstia de fertilidade . Foi na passada terça-feira à noite que a Sedes – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social – voltou a organizar um debate desta vez sobre “ A situação política e económica nacional após as eleições autárquicas “ . Na mesa , António Barreto , Pedro Ferraz da Costa , e Rui Manchete , moderados por Rui Vilar . Entre todos alguns traços comuns , : a geração , a participação cívica , e uma certa lucidez que o desencanto , o humor e a inteligência favorecem . Sem grandes descobertas ou ideias luminosas a aflorarem, todos se interrogavam : Que resposta para tamanha paralisia ? “ Encontrar gente muito mais nova “ alguém entretanto acrescentou : “ É difícil que os partidos o façam “ .
Depois da perda do Ultramar , o País ainda não encontrou uma mística , um rumo , alguma coisa não preenchida com a sucedânea da Integração Europeia . O que fazer ? Esgotado o tempo do debate , uma voz firme ouve-se no fim da sala . Uma mulher . de talvez 40 anos , pede para falar . Apresenta-se Sofia Galvão , advogada , ali pela primeira vez porque se inscreveu na Sedes . Entre outras considerações ... prossegue :” Há um problema de captação de elites porque os partidos não querem fazê-lo . Querem manter a mediocridade em que se movem .As elites terão de vir de outras formas de apuramento como seja de organizações que a sociedade civil impõe à política . Como a Sedes “.
O INDEPENDENTE - 21-12-2001