Os dois sócios foram ouvidos em simultâneo no DCIAP para aclararem informações prestadas nos primeiros depoimentos. 'Foram constituídos arguidos', confirmou a advogada de ambos, Paula Lourenço. Manuel Pedro entrou às 09h45 e saiu às 19h50. Smith, depois de anteontem ter sido interrogado cinco horas, entrou às 17h30 e saiu à mesma hora do que Pedro.
Ao que o CM apurou, a inquirição conjunta não foi para serem confrontados com contradições. Se tal tivesse acontecido, a advogada teria de deixar de representar um deles.
Smith, sabe o CM, terá alegado que a gravação do DVD foi feita 'sob pressão' e que o autor, um inglês, lhe pediu para falar sobre 'situações chatas' que envolvessem o licenciamento do Freeport. Estas informações serviriam para chantagear a administração do outlet, que terá desviado o dinheiro das ‘luvas’ e que Smith garante nunca ter chegado a Portugal. Uma das referências na gravação foi o pedido de quatro milhões de libras para desbloquear o projecto – tal como o CM avançou ontem – feito pelo escritório de advogados Antunes Marques Oliveira Ramos Gandarez e Associados – sociedade que prestava serviços à Smith & Pedro. O CM sabe que um dos advogados é amigo de Pedro, o que proporcionou a proposta.
Segundo fonte próxima de Smith, a falta de pagamentos do Freeport à Smith & Pedro levou o escocês 'a aceder à pressão para falar sobre pagamentos corruptos', fazendo referências ao nome de Sócrates. O autor do DVD deslocou-se a Portugal propositadamente para fazer a gravação comprometedora.
DOIS AMIGOS DE LONGA DATA
Charles Smith e Manuel Pedro foram sócios na Smith & Pedro e conhecem-se há muitos anos, segundo fontes próximas dos dois, sendo que estiveram ligados à Lusoponte. São tidos em muito boa estima por muitas famílias em Alcochete que ajudaram. Manuel Pedro, cujas únicas imagens que existiam datam de 2004, está ligeiramente mais gordo.
EX-NAMORADA DE HUGO MONTEIRO INVENTOU E-MAILS
Ao que o CM apurou foi uma ex--namorada de Hugo Monteiro, que trabalhava na Neurónio Criativo, que inventou os e-mails com o nome do primeiro-ministro (j.sócrates@neuronio.pt), bem como o mail de Júlio Monteiro com o mesmo domínio na empresa. A ex-namorada assinou alguns dos e-mails que foram mostrados ao tio de Sócrates pelas autoridades. Deverá ser chamada para comprovar que os e--mails foram inventados e comprovar que José Sócrates nunca deles teve conhecimento.
MANUEL PEDRO ENVIOU FAX A SÓCRATES
O primeiro-ministro nega conhecer pessoalmente Manuel Pedro, entretanto constituído arguido no caso Freeport, e afirmou nunca ter tido qualquer contacto com ele. Mas um documento revelado ontem pela TVI revela que os dois se relacionavam em 1996.
A estação televisiva mostrou ontem um fax enviado por Manuel Pedro a José Sócrates em que este trata o político na segunda pessoa. Na mensagem, Manuel Pedro lamenta 'ter de usar esta via' para comunicar – mas diz a Sócrates que quer 'manter-te a par' da situação, sem revelar o assunto em causa.
O fax está assinado por Manuel Pedro e demonstra que existia uma relação cordial e de proximidade entre os dois, facto que José Sócrates negou peremptoriamen te aos jornalistas quando prestou esclarecimentos sobre o caso Freeport. Nessa altura, o primeiro-ministro chegou a dizer que se se cruzasse com Manuel Pedro na rua 'não o reconheceria'.
PGR ADMITE OUVIR PRIMEIRO-MINISTRO
'Serão ouvidas todas as pessoas que se justificar e serão constituídas arguidas todas as pessoas que os factos justificarem.' A garantia foi dada ontem pelo procurador-geral da República (PGR) quando questionado sobre a possibilidade de José Sócrates ser notificado pelo Ministério Público para depor no âmbito do caso Freeport.
Ao contrário da procuradora Cândida Almeida, que disse que não seria ouvido um primeiro-ministro 'só para ficar a constar', Pinto Monteiro garantiu, na Madeira, que 'o Ministério Público está firmemente decidido a descobrir tudo o que há sobre o Freeport'. No entanto, o PGR tentou desvalorizar o caso do licenciamento do Freeport – que tem como principal protagonista José Sócrates, à data ministro do Ambiente –, afirmando que 'é mais um processo' entre os 70 mil do Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Sobre a demora do processo, o magistrado negou responsabilidades do Ministério Público. 'Tenho pena de que o processo tenha tido uma investigação tão lenta', declarou, em alusão à data em que o processo estava nas mãos da PJ de Setúbal, acrescentando: 'O processo foi avocado pelo DCIAP em Setembro, para ser acelerado.'
PORMENORES
SÁ LEÃO
O advogado do tio de Sócrates, Sá Leão, não compreende como é que os investigadores responsáveis pelo caso há quatro anos não se aperceberam da falsidade dos e-mails.
AUDIÇÕES
Ainda falta ouvir José Marques, então responsável do ICN, e a antiga assessora de José Dias Inocêncio, à altura presidente da Câmara de Alcochete.
ESCRITURAS
Sócrates pagou 47 mil euros pelo seu apartamento em Lisboa quando dois anos antes um emigrante comprou um apartamento no mesmo prédio por 70 mil contos, noticia o diário ‘Público’.
STOLBERG
O Ministério Público está, segundo o ‘Público’, a investigar a Stolberg, a empresa offshore que vendeu o apartamento à mãe de José Sócrates, Maria Adelaide.
NOTAS
INOCÊNCIO: SATISFAÇÃO
O ex-presidente da Câmara de Alcochete, José Inocêncio, mostrou-se satisfeito por a investigação ao processo estar a avançar.
ADVOGADA: CONFIRMAÇÃO
À saída do DCIAP, a advogada Paula Lourenço confirmou que Manuel Pedro e Charles Smith são arguidos e sujeitos a termo de identidade e residência.
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